Infraestruturas em 1908

 No ano de 1908 no Jornal de Cambra, único jornal a ser publicado no concelho, com edição em Macieira de Cambra, poucas notícias fazem referência à freguesia de Arões. No que diz respeito a infraestruturas rodoviárias ou de educação, a notícia em destaque é sempre a precariedade ou a falta de condições básicas de potenciamento do desenvolvimento desta freguesia.

Destaco algumas notícias, retirado o acessório da prosa jornalística da época:

As escolas que não existem, e a consequente baixa instrução das populações: 

«[...] quando se crearão as escolas [...] se, para se crear uma em Cabrum, se tropeçou na recusa [da Câmara?] d'um compromisso de dez mil reis para renda e casa e pouco mais para o mobiliário?! [...]»


(Jornal de Cambra, 22 de Março de 1908, I ANNO, N.º 11, p. 2)

Agora uma outra notícia, esta mais positiva, sobre o prolongamento da estrada para Arões de Macieira de Cambra, que diz o seguinte:

«NOTICIÁRIO

Subsídio para estradas

O governo, a pedido do sr. Governador civil deste districto, concedeu o subsídio de seis centos mil reis, para o prolongamento da estrada n.º 42 [traçado em parte da atual N227], deste concelho. [...] Temos declarado repetidas vezes que o prolongamento d'aquella estrada é d'uma necessidade urgente e imperiosa. As freguezias distantes - Cepelos, Junqueira e Arões, não podem continuar neste miserando estado de isolamento [...]»

(Jornal de Cambra, ? de Junho de 1908, I ANNO, N.º 26, p. 2]

Também o serviço postal era motivo de queixas, como esta, escrita com ironia:

«Carteiros

Senhor redactor: Alguns carteiros andam acabrunhados pelo desgosto que têm pelo mau serviço que fazem, indo à serra, cada um a sua semana; e essa mágoa a nosso ver só provem d'isto; porque se elles tivessem o suficiente criterio, não ficavam na lura nestas semanas, mandando fazer o serviço por quem mais barato o faça, e elles, os penosos funcionários lá ficam á soalheira dos quintaes, regaladinhos de penas com o mau serviço que lhes toleram os bons povos das tres freguezias, servidas por aquelle gyro. Ora, o que nos fez vir á estacada é a hypocresia das suas queixas que não podemos calar. [...] O regulamento dos serviços de correios neste concelho ordena que os penosos carteiros pernoitem em Arões, para levantarem a correspondência das caixas no dia seguinte; mas isso não faziam elles; vêm para suas casas, e carta que caia nas caixas um minuto depois da sua passagem, só entram em Macieira 36 horas depois, pois que nem da volta as procuram - seguem caminho mais direito [...]»

 

(Jornal de Cambra, 2 de Outubro de 1908, I ANNO, N.º 44, p. 3)

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